quarta-feira, 9 de novembro de 2011


O  BERIMBAU

É talvez um dos instrumentos musicais mais primitivos de que se tem informação. Considerado instrumento de corda e encontrado em várias culturas do mundo, inclusive no Novo México (USA), Patagônia, África Central, África do Sul e Brasil. Em geral, o berimbau é constituído de um pedaço de madeira roliço (pau-pereira, aricanga, beriba) ou qualquer outra madeira flexível, tencionado por um fio de arame de aço bem esticado, que lhe dá a forma de um arco, contém um tipo de caixa de ressonância que, na verdade, é uma cabaça ou um coité cortado no fundo e raspado por dentro para ficar oco e com o som bem puro. É tocado a rápidas batidas de uma pequena vareta na corda de arame que vez por outra é presa pelo dobrão (moeda antiga de cobre ou uma pequena pedra de fundo de rio), acompanhada por um caxixi, que nada mais é que uma espécie de chocalho feito de vime e cheio de contas de lágrima (semente) ou conchas do mar bem pequenas, este caxixi é preso por uma alça ao dedo do tocador e faz um "fundo" de acompanhamento ao som da cabaça. No Brasil, o berimbau chegou pelas mãos dos escravos africanos que vieram para cá traficados para serviços pesados nos engenhos, isto por volta do ano de 1538, século XVI, portanto. O berimbau também é chamado por outros nomes como urucungo, puíta, quijenge, geguerê, quibundo, umbundo, orucungo, oricungo, uricungo, rucungo, berimbau de barriga, gobo, marimbau, bucumbumba, gunga, macungo, matungo e rucumbo, dentre outros. Em Cuba é chamado de sambi, pandigurao, gorokikamo e burumbumba Estes nomes são derivados de palavras vindas do dialeto Bantu, correspondente aos países de Angola, Moçambique, Congo, Zaire e outros, mas alguns desses nomes aqui no Brasil se destinaram a designar outros instrumentos. Por exemplo: a puíta é a nossa tradicional cuíca, feita de madeira e couro e com formato sextavado; o quijenge é o atabaque feito de madeira de lei e couro, de forma cilíndrica. O berimbau que conhecemos mais popularmente é o que normalmente é feito de madeira ou bambu e que se compõe de sete partes distintas, ou seja: verga, cabaça, corda, caxixi, dobrão, baqueta e amarração da cabaça.


NA RODA DE CAPOEIRA


Na roda de Capoeira, geralmente, usa-se três berimbaus: o Gunga, o Médio e o Violinha. A afinação dá o o nome ao berimbau. É de acordo com a afinação da corda e o tamanho da cabaça que se chama o Gunga que tem o som mais grave e que faz a marcação do toque, tem uma cabaça maior e raramente executa uma virada durante a melodia; o Médio tem um som regulado entre o grave do Gunga e o agudo do Violinha, tem uma afinação mediana que permite ao tocador executar a melodia fazendo o solo da música. É permitida ao tocador de um médio a execução de algumas viradas e alguns toques de repique. Porém, com moderação, para não abafar o Violinha e nem destoar do Gunga, pois o médio é que faz o apoio ao som do Gunga e a base do som do Violinha é ele que determina o toque que será feito para o jogo; o Violinha tem uma cabaça pequena e bem raspada por dentro para ficar bem fina, tem um som agudo e faz apenas o papel de executar as viradas e floreios dentro da melodia. Seu som é baseado ao som médio e do Gunga ao mesmo tempo, é o Violinha que "enfeita" a música da roda. Um bom capoeira é "obrigado” a saber, tocar os três tipos de berimbau e executar suas viradas quando possível. É o tocador do médio que ordena o toque e dá a senha para a saída do jogo. Numa roda de capoeira quando o jogo é de Angola, usa-se o trio completo de berimbaus, juntamente com o atabaque e dois pandeiros. É ao pé do berimbau médio, que fica no centro do trio que o capoeira se benze e espera agachado a senha para começar, ou para sair do jogo.

Abaixo segue um rápido vídeo que demonstra, na prática, toda teoria acima. Prestem atenção na ação de cada berimbau.




Obs.: Texto cedido gentilmente pelo MESTRE DINHO, da Escola de Capoeira Maná.

Axé, Capoeira!

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