domingo, 15 de janeiro de 2012



CHULA

 A Chula na Capoeira são cantigas que relatam algum fato acontecido ou conta histórias do passado. A Chula difere da Ladainha por ser cantada durante o jogo e também pela presença do refrão que é repetido pelo coro entre uma estrofe e outra. É entoada pelo cantador para fazer a abertura de sua composição. Normalmente, faz uma louvação aos seus mestres às suas origens ou à cidade em que nasceu ou está no momento, pode ainda fazer culto à fatos históricos, lendas algum outro elemento cultural que diga respeito à roda de Capoeira. É comum aos cantadores da roda usarem a Chula como introdução para as corridos e, durante a mesma, é sugerido um refrão para o coro cantar. Segue um exemplo desse gênero de cantiga de Capoeira:


"O Cabra me chamou prá jogá
Eu disse que não
Começô miumilhar
Arranjô a maió confusão
Eu sou de paz e amor,
Não gosto de auê.
Dou um boi pra não brigá,
Mas se nela eu entrá
Dou uma boiada prá não saí,
Dou meia-lua, um rabo-de-arraia
e uma cabeçada pra matá
Pra matá (coro)
Pra matá
Pra matá (coro)
Pra matá
E o cara correu, correu
E o cara correu (coro)
E o cara correu, correu
E o cara correu, correu (coro)"


Essa chula é modo como cantador conta um fato ocorrido com sua pessoa ou com outra há algum tempo atrás. Na música pode ser percebido um sentimento, uma emoção tanto de passividade tanto de ira: o trovador expõe o que aconteceu. Uma pessoa propôs um desafio no jogo de Capoeira. Não sendo aceito o desafio, o desafiante ofende verbalmente o outro indivíduo. 

O cantador fala que é pacífico e de boa índole, e complementa que não gosta desse tipo de conduta. O indivíduo diz que não gosta de "auê", ou seja, confusão, de briga, que se resguarda de tumultos de todos os modos possíveis.

Quando diz "... Dou um boi pra não brigá...", ele deixa claro sua intenção de não brigar, mas informa que seu modo pacífico pode ser modificado quando todas as tentativas de paz forem em vão, afirmando "... Mas se nela eu entrá / Dou uma boiada prá não saí / Dou meia-lua / um rabo-de-arraia /e uma cabeçada pra matá...".

Os três últimos versos acima destacam movimentos de ataques da Capoeira que são desferidos no momentos do jogo dentro da roda ou de defesa pessoal, se necessário. A intenção do cantador é fazer com que o desafiante entenda que ele tem condições físicas para combatê-lo em iguais condições, pois, quando fala "... Pra matá...", o cantador dá a chance de o desafiante reconsiderar sua atitude de combate. 

Se o trovador necessitou ou não desferir os movimentos de ataques expressos, não se sabe, mas o indivíduo difamador foge horrorizado diante do comportamento assumido pelo cantador diante da ofensa ( "... E o cara correu, correu...") .

É isso! Fiquem livres para comentar sobre este post ou os anteriores.


TEMOS QUE SABER O QUE ESTÁ SENDO CANTADO NA RODA.
AXÉ, CAPOEIRA!



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