quarta-feira, 21 de dezembro de 2011



CAPOEIRA ARUANDA: ORIGENS
Parte 2


MESTRE CÍCERO TATU conta a história de fundação da Capoeira Aruanda



COISAS DE ARUANDA

Hoje são quase 25 anos de Aruanda e, nesses anos todos, ela foi se modificando. De Escola de Capoeira Aruanda para Academia Aruanda, Academia de Capoeira Aruanda, Centro Cultural Aruanda e, hoje, Capoeira Aruanda.

Cada mudança de complemento na nomenclatura representa um momento distinto de ver, sentir e fazer a capoeira. Lógico que tudo isso pautado por muitos erros, muitas buscas, até achar o caminho que trilhamos hoje, cientes que a busca pelo conhecimento é infinita.

A Capoeira Aruanda conseguiu ter um nome de respeito perante a comunidade capoeirística da baixada santista, com um trabalho simples, humilde e, acima de tudo, transparente em suas atitudes.

Tem uma maneira própria de conduzir, se servir e servir a Capoeira.

Coisas que só quem é de Aruanda pode entender.



ESCOLA DE CAPOEIRA ARUANDA

Em 1985, esse era o nome que mais se aproximava ao meu momento Capoeira. Tenho consciência que o aprendizado é constante e inesgotável são os ensinamentos, mas aquele momento era de construir, reconstruir, aprender a ensinar.

A salinha da Escola de Capoeira Aruanda, era minúscula. Lembrando hoje, nem sei como cabia tanta gente, mas os "treinos" eram muito bons. A galera era assídua e me incentiva a melhorar cada vez mais as aulas. Tínhamos um grupo muito unido e forte. Pra lá, foram aqueles que começaram no fundo do quintal da minha casa:  Maurício Ratto, Affonso Alvarez, Álvaro Miúdo, os irmãos Ricardo(Rí) e Leonardo Moreira (Léo), Murilo(irmão do Maurício), Gué - da Natural Art, Sérgio Português, Celso Filleti, Zezinho Fernandes, Marcos César ("My Girl"), Daniel Romão, Duda Mendes.

Por intermédio de Maurício Ratto, chegaram mais alunos, a maioria do Conde do Mar (point da galera da praia de Santos): Wladimir Diniz (Sirí), Abimael (Rumenigue), Maurício Turquinho, José Ricardo (Rico) e outros.

À noite, treinava uma galera do canal 6 : Indinho, Hércules, Jean, Jair, Clemilson, Trapa, Moreno e China do 6.

À tarde, treinava a galera do canal 3:  Tijolo, Kleber, Afonso, Paula, Helena e mais outros que a memória já não alcança mais.

Uma característica interessante da Escola Aruanda, era congregar num mesmo espaço, galeras diferentes e, que em outros momentos seria impossível de se integrar, devido às "rixas" próprias da idade e do local onde moravam ou "pegavam praia". A convivência era pacífica e serviu para estreitar laços de amizade que, até então, parecia impossivel de acontecer.

Foi uma fase de muito aprendizado essa da Escola de Capoeira Aruanda.



ACADEMIA ARUANDA

A fase seguinte foi a Academia Aruanda -  Ginástica e Capoeira. A Deborah, irmã do Maurício Ratto, estava recém-formada no curso de Educação Física e, como frequentava a Capoeira algumas vezes, fez o convite para que as duas modalidades, ginástica e capoeira, se fundissem. Como no prédio ao lado tinham acabado de construir umas salas amplas, o convite foi aceito e ,assim, surgiu a Academia Aruanda - Ginástica e Capoeira - direção, prof. Cícero França e Déborah Rodrigues, 1986.

Foi uma época de aulas de Capoeira muito pesadas, tanto na preparação física, como na Capoeira propriamente dita (roda).

As rodas na Academia Aruanda eram frequentadas por outros capoeiristas e, não raramente, a coisa desandava pra Capoeira "a vera".

Nessa época, chegaram para treinar:

1. Os meninos da rua São José,  Ricardo do Espirito Santo (hoje MESTRE RICARDO, do grupo Canto e Magia), Claudinei (Kalunga), Ubiratan (Fubá) da P4, Faber Neiva (Lalo), Alexandre de La Casa (Prof. Xan).

2. Do Conde do Mar,  Síri, Turquinho, Rumenig e mais uma galera local.

3. Do canal 7, Valdlemar Exótico (Valval, já falecido), Renato (MESTRE RENATO, da Brinquedo de Angola).

Por essa época, ficou radicado em Santos o MESTRE RICARDO (falecido), vindo do Rio de Janeiro, do grupo Volta ao Mundo. MESTRE RICARDO morava na rua São José, perto da Academia Aruanda, e era frequentador assíduo dos treinos e rodas. Gostava de uma pancadaria e cantava bem nas rodas. Foi muito bem recebido, no período em que esteve por lá.

As turmas eram bem cheias, as aulas fluiam muito bem, foi um momento de muito suor, muita energia, mas ainda um processo de busca de algo a mais na Capoeira.

No final do ano de 1988, as coisas já não corriam como deviam e a sociedade foi desfeita. A Academia Aruanda continuava com a ginástica, mas sem a Capoeira e sem o professor Cícero.

A Capoeira da Aruanda preparava-se para uma outra fase...


FIM DA SEGUNDA PARTE

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